O cantor, compositor, músico, ator e escritor Tino Gomes lançou recentemente o seu 13º CD intitulado “Catopezera Brasilis”. Ele esteve em Montes Claros recentemente divulgando seu trabalho, e revela que o nome do disco é o mesmo de um projeto que ele tem em Belo Horizonte em que tenta manter viva essa cultura do Catope.
Em seu novo trabalho Tino faz uma mistura de vários instrumentos essencialmente brasileiros como tambores, pandeiros, bandolins, violas, cavaquinhos, dobros, afoxés, patangomes, e também guitarras e baixo elétrico. Apesar da forte influencia dos Catopes com a batida de seus tambores Tino afirma que esse não é um CD de música regional.
- Eu acho que esse disco é um disco da música popular brasileira. A minha música é feita com as raízes daqui, mas não é um disco regional. Eu não tenho essa preocupação, mas por outro lado quanto mais você é regional, mais é universal. Quanto mais você fala do seu quintal, mais você é universal. – Conta o bem humorado Tino Gomes.
RITIMOS
Ele conta que sempre gostou muito do swing e dos ritmos das musicas brasileiras e relembra que todos nós temos as influências dos tambores de Zumbi dos Palmares, que essa influencia dos Catopes é toda africana, e que no disco também tem samba com guitarras que ele se inspirou nos sambas antigos dos Novos Baianos.
- Esse trabalho tem o apoxé, a batida do shot, da embolada, e tem a parte toda do catopezera que é a batida dos tambores que eu misturo o congo com os catopes. É um disco é essencialmente brasileiro é uma volta às coisas que eu sempre fiz, do som que eu gosto de fazer, eu misturo essa pegada do rock in roll com os tambores. – Revela Tino.
O CD
O artista diz que hoje se preocupa em mostrar seu trabalho, como aquele trabalho de “formiguinha”, como outros artistas que também fazem essa mesma linha que segundo ele mesmo não é um trabalho de grande mídia, que está em todas as rádios e canais de televisão, mas é um trabalho com qualidade e identidade brasileira.
- Eu tenho consciência de que esse não é um trabalho que esta ai estourado na televisão, mas é um trabalho que tem uma sustentação, é um trabalho super honesto feito com carinho e o pessoal tem gostado demais, é um disco super bacana, tranqüilo para se ouvir em casa e tem uma pegada e um swing bacana. – Afirma Tino Gomes.
ORIGENS
Falando sobre suas origens nos Catopes, Tino relembra que desde menino sempre morou nessa região da cidade onde se batucou muito os tambores, e que apesar de tocar com instrumento de corda sempre bateu lata e sempre gostou dos Catopes e que mesmo apreciando os Marujos e Caboclinhos o que o marcou mesmo foi o toque dos tambores que é muito forte. Ele relembra que essa tradição é algo genético.
- No meu novo show são três percussionistas, no palco são oito tambores, eu sempre falo e remeto a minha terra, pois tudo que eu aprendi foi aqui. Apesar de ter rodado o mundo meu trabalho todo parte daqui. O meu avô encomendou com Godofredo Guedes em 1942 um quadro de Nossa Senhora do Rosário para minha mãe que tinha 10 anos fosse rainha dos catopes, é uma coisa genética e de certa forma, nós todos de Montes Claros, até mesmo as pessoas de fora que chegam tem um carinho enorme pelos Catopes que fazem parte das nossas raízes, e um povo sem raiz não é nada. - Relembra o músico.
Tino Gomes conta que quando começou, tocava em bailes com músicas de Jimmy Hendrix e Creendance e revela que é essa sonoridade da guitarra do rock in roll é que ele aprecia.
MÚSICA ATUAL
Quando perguntado sobre o cenário da musica brasileira na atualidade Tino diz que hoje se tem muita coisa bacana, mas que tem muita coisa sendo mal feita também e que pretende atingir o maior numero de pessoas possíveis que curtem o tipo de música que ele faz, essa musica que fala do Brasil, que tem algo mais que o “melado de água com açúcar” como ele mesmo disse se referindo a essas músicas que só falam de um amor perdido e coisas do tipo e conta que hoje já não briga mais para conseguir uma maior divulgação pelas rádios devido às alternativas existentes.
- Quando eu era mais novo eu brigava e insistia nas rádios, hoje não insisto mais, temos tantas alternativas, temos o computador, se a radio não tocar o computador toca, temos muitas maneiras de chegar à mídia. Hoje a gente toca para cinqüenta pessoas, amanhã para três mil depois para mil, depois para quinhentos. Isso não interessa, o negocio tem que ser é bem feito. – Afirma Tino.
Sobre essas novas alternativas e também sobre a pirataria, Tino fala que é uma arma que aponta para dois lados; serve como divulgação porem não traz nenhum retorno financeiro ao artista que muitas vezes gasta muito com a produção de um CD.
- È uma loucura, começou primeiro com pirataria, depois começou com isso do computador que a pessoa faz o download e tal. É uma arma poderosa de dois lados, ela pode por um lado divulgar o artista, mas por outro lado não dá o dinheiro pro mesmo, embora no meu caso se baixar o download eu não ligo, porque para mim é uma forma de entrar na mídia. Ligaram-me outro dia e falaram que as minhas músicas estavam todas disponíveis para baixar, eu nem sei quem colocou isso, mas já que ta lá deixa ela lá. Mas hoje a maioria das coisas o computador serve para divulgar. Tudo é divulgação, temos que descobrir depois como faturar com m isso. Uma vez que as grandes emissoras não tocam, então temos que correr atrás é da alternativa. Aquela coisa bem guerrilheira. – revela o cantor, compositor, músico, ator e escritor Tino Gomes.
TEATRO
Ele também esta produzindo o espetáculo de humor Tino Gomes, cantoria, poesia e uns casinhos de safadeza com a direção de Jackson Antunes, que irá estrear em outubro em Belo Horizonte e será com Tino Gomes sem banda, contando “causos” e historias.
AGENDA
O CD Catopezera Brasilis foi gravado de maneira independente por Tino Gomes e ainda não tem data para o show de lançamento em Montes Claros porque segundo o músico ainda falta a escolha de um local adequado. Ele pretende divulgar seu novo também nas praias da Bahia, pois esse tipo de som tem muito haver com o descanso e sossego. Seu próximo show será dia 13 de setembro no teatro da biblioteca publica de Belo Horizonte na praça da liberdade.
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