A tinta nanquim é um material corante que foi desenvolvido pelos chineses há mais de dois mil anos. Em Montes Claros, Rogério Batista Castro, professor da Escola Técnica na área de desenho técnico e projetista industrial autônomo, há mais de 30 anos pinta quadros utilizando essa técnica milenar.
O artista conta que desde criança tem o dom de desenhar, e que quando morou em Belo Horizonte, na década de 1980, conheceu na feira livre uma pessoa que fazia esse tipo de desenho com nanquim. Daí começou a ajudá-lo, e quando menos percebeu já estava desenhando. Acabou pegando gosto pela coisa. Desde então o artista continua fazendo desenhos, procurando sempre aprimorar sua técnica.
Ele explica que esse dom de desenhar vem de família, já que duas irmãs também pintam quadros, além de sua mãe que, segundo ele, sempre desenhou muito bem. Revela que ter tomado aulas de pintura com suas irmãs, mesmo não sendo de nanquim, o ajudou a ter uma boa perspectiva e uma noção de desenho.
De acordo com Rogério, a opção pelo nanquim foi motivada pelo fato de ser uma técnica bem mais difícil que as pinturas convencionais, e como um desafio ele começou a desenhar com nanquim.
- Optei pelo nanquim, porque sempre tive vontade de aprender a técnica. Quando estudava, tinham aqueles livros de Geografia, ilustrados, e eu me entusiasmei com isso, apesar de que é uma técnica muito difícil. Mas, hoje, para mim já não existe dificuldade nenhuma. Na época era muito complicado, na verdade foi um desafio eu partir para o nanquim. Também por causa disso, achei que eu não iria ter condições de fazer, mas me dediquei muito e hoje desenho naturalmente sem nenhuma dificuldade - conta Rogério.
POUCO VALOR
Rogério revela que em Montes Claros esse tipo de pintura não é muito valorizado, que geralmente o pessoal de fora é quem dá mais valor. Ele conta que tem quadros em vários lugares, até fora do Brasil, como nos Estados Unidos, Portugal e França. Normalmente as pessoas vêem os quadros através de amigos ou da internet e partindo disso o pedem para desenhar.
De acordo com Rogério, no nanquim são utilizadas hachuras, que é um traço na diagonal tanto num sentido como no outro, ou então o que eles chamam de pontilhismo, que utiliza pontos de acordo com cada caneta usada dependendo da espessura da pena.
O artista já participou de quatro exposições em Montes Claros, e também de uma exposição no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, outra em Diamantina e foi convidado a expor em Ouro Preto ainda neste ano.
Rogério explica que desenha através de fotos, mas que também tem desenhos criados através da imaginação. Para ele, pintar é uma terapia de relaxamento, é quando ele nem vê o tempo passar, é quando brinca como uma criança.
- Alguns desenhos surgem naturalmente, eu estou observando alguma coisa, se eu achar interessante já começo a desenhar. Essas pinturas funcionam para mim como higiene mental, é um descanso que eu tenho, quando estou desenhando é como se eu estivesse brincando, eu nem vejo o tempo passar. Eu trabalho mais focado em paisagens, em casarões. Quando eu vejo alguma coisa que eu quero pintar, eu corro e tiro uma foto para poder começar a desenhar logo, se não tiver como tirar a foto eu guardo aquela imagem na cabeça com a memória fotográfica, mas se for o caso eu desenho com qualquer coisa, para poder ao menos lembrar de uma parte da imagem e depois poder desenhá-la. - Diz Rogerio.
PAIXÃO
Além de pintar quadros com nanquim, Rogério também coleciona miniaturas de carros. Começou com o hobby quando tinha cinco anos de idade, e após mais de quarenta anos já acumula quase 800 carrinhos.
- Eu comecei a colecionar carrinhos há 42 anos, porque eu sempre gostei de carro e também porque meu pai tinha uma loja de brinquedos e ai já comecei a me entusiasmar. Atualmente tenho quase 800 carrinhos, e até hoje quando vejo um que eu não tenho vou e compro, muitos também eu ganho de presente. Cada carrinho tem uma história, eu tenho até hoje o meu primeiro carrinho. Certa vez eu fui com minha mulher comprar uns carrinhos e o pessoal da loja perguntou se era para meus filhos e eu disse que não, que era para mim mesmo. Muitas pessoas estranham esse meu hobby. Meu pai viajava muito para Bahia, e trazia para mim carrinhos de metal que na época eram muito difíceis de encontrar pelo fato de serem importados, às vezes eu os escondia dentro do colchão para ninguém mexer e estragar.
Segundo Rogério, os carrinhos que ele coleciona são escolhidos pela originalidade, ele revela também que alguns modelos como o carro de fórmula-1, por exemplo, ele não coleciona. Ele conta que quando os carrinhos começam a ficar mais velhos e perdem a cor, ele e o filho reformam as miniaturas.
- Quando os carrinhos vão ficando mais velhos, começam a perder a cor, eu e meu filho os reformamos. O trato em um carrinho desses é mais difícil que de um carro de verdade, porque você tem que polir, tem que lavar e usar pincéis para limpar e se você pegar muito estraga a pintura por causa do sal do suor que sai da mão. - Afirma Rogerio.
De acordo com Rogério, hoje é possível comprar miniaturas de carros a partir de R$ 5 e que é possível comprar só as peças também, existem ferros-velho como os de carro de verdade na internet.
Ele revela que já recusou uma oferta de R$ 1.500 em um modelo, e ressalta que só não está colecionando como antes por falta de tempo e espaço e também porque alguns modelos subiram muito de valor - carrinhos que antes custavam R$ 50 hoje são vendidos por R$ 200.
Rogério diz que não vende nenhum de seus carrinhos por motivo algum, mas em relação aos seus quadros ele explica que quem se interessar pode entrar em contato pelos telefones 8825 – 7573 e 3222 – 7573 ou ainda por e-mail; rogeriobdecastro@uaol.com.br ou rbccastro@hotmail.com.
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