A banda Rastros de ódio é de Belo Horizonte
e foi formada em 2012, inicialmente com a proposta de tocar um som que
englobasse punk, hardcore e grindcore. A formação atual é composta por Cleuber
Toskko (vocal e guitarra), Marconate (bateria), Igor Podrão (guitarra e back
vocal) e Tim (baixista em teste).
O INICIO
Cleuber conta que a banda teve inicio diferente do que a
maioria costuma ter. Ao invés de reunir integrantes para depois criar e definir
as musicas, ele optou por gravar uma espécie de “guia” (guitarra e vocal) de 11
musicas que compôs e com o material pronto partiu em busca de músicos que se
encaixassem e se identificassem com a ideia da banda. Com isso o Rastros
de ódio teve sua primeira formação, fizeram shows, e lançaram dois
EP’s, em 2013 “O mundo em estado de
óbito” e em 2014 “Bem vindos ao
Brasil”.
Segundo Cleuber, a ideia era que nos próximos discos os
demais integrantes também participassem das composições. Porem houve varias
alterações de formação e ele continuava compondo. Então, quando a banda chegou à
atual formação, já havia mais 12 musicas novas.
- Para o primeiro
passo, com o Rastros De Ódio, isso
deu mais certo do que das outras vezes, quando tentei formar outras bandas
convidando primeiro as pessoas e depois tentando compor junto. Geralmente isso
acaba criando certos atritos, porque um gosta de tal estilo e o outro não, um
quer escrever sobre tal assunto e o outro não. Isso é chato pra caralho, gera
muita discussão, discórdia e às vezes dá até brigas, e não tenho mais saco pra
isso. Então pulei essa fase e fui sozinho direto para o estúdio. A partir
disso, para os próximos discos, eu queria que os músicos passassem a compor,
pois a ideia do início foi só para dar o ponta pé, para começar sem stress e
para que todos entendessem o estilo das letras, do som e da filosofia da banda.
Mas, o Rastros De Ódio sofreu várias
alterações na formação, entende? E eu não deixei de compor, continuei
trabalhando. Houve momentos em que a banda só tinha eu e mais um integrante.
Quando a banda chegou na atual formação, eu já tinha doze novas músicas
prontas. Nesse álbum que estamos gravando vai entrar onze músicas minhas e uma
do Marcus. – Explica Cleuber Toskko.
FORMAÇÃO ATUAL
Falando sobre como os integrantes se conheceram Cleuber lembra que a
banda passou por diversas alterações na formação desde seu inicio. Com relação
a atual formação ele explica que o Marcus ‘‘Marconate’’ (baterista) é seu amigo faz
pelo menos uns 18 anos e em uma das mudanças de formação, Cleuber o convidou
para assumir o posto no Rastros De Ódio, porem de acordo com
o guitarrista e vocalista, Marcus já tinha a intenção de vender sua bateria e
abandonar a musica e com isso, combinaram que ele seria o baterista da banda por
dois shows em 2014. Porem, Marconate se empolgou com o som e decidiu
permanecer.
-
Quando mudei a formação da banda chamei o
Marconate para assumir as baquetas. No início ele não queria ficar no Rastros De Ódio porque não pretendia
mais ter banda, tinha a ideia de vender a bateria e parar de vez na carreira de
músico. Combinamos então que ele só me ajudaria a cumprir com a agenda de dois
shows, um aqui em BH, em setembro, e outro no RJ, em dezembro, ambos em 2014.
Mas, acabou que ele ficou, para a minha felicidade é claro, pois, o Marcus é um
excelente músico e um velho amigo. Naquela época, o nosso som estava mudando
para um metal mais pesado e ele sempre curtiu sons mais na linha do death
metal. – Diz Cleuber.
Já
a entrada do hoje guitarrista Igor Podrão, Cleuber explica que aconteceu de
forma inesperada. Eles fariam um show em dezembro de 2015, porem sem baixista.
Apesar de ser guitarrista por essência, Igor se ofereceu para tocar baixo no
show e acabou assumindo o posto por alguns meses até que o antigo guitarrista
acabou sofrendo um acidente e com isso Igor se tornou o guitarrista e para o
baixo atualmente testam o Tim Soarez.
-
A entrada do Igor ‘‘Podrão’’ foi
inesperada. Nós íamos tocar, sem baixista, com o Olho Seco em dezembro de 2015, daí o Igor se ofereceu para tocar
baixo nesse dia. Ele não é exatamente um baixista e sim um guitarrista, mas,
para que a banda não ficasse sem baixista nesse show, ele tocou e se saiu muito
bem. Desde então ele está com nós, ficou tocando baixo até uns dois meses atrás
e agora assumiu a guitarra definitivamente, instrumento em que ele "deita
e rola", toca muito, é um puta guitarrista. O Leles que era o nosso
guitarrista, mas ele sofreu um acidente recentemente, que acabou o
impossibilitando de ir para o estúdio gravar nosso álbum “full” que está em
andamento, e também não vai conseguir viajar com a banda na turnê. Eu e Marcus
montamos o cronograma das gravações e das turnês a mais de um ano. Fizemos
investimentos financeiros altos, colocamos em risco nossos empregos e até nossos
relacionamentos familiares nesse cronograma e não temos como parar tudo agora e
esperar a recuperação do Leles que é um cara fantástico, tanto como músico
quanto como pessoa. No baixo, agora estamos testando Tim Soarez, que fez poucos
ensaios, mal teve tempo de pegar as músicas e já teve que subir no palco. –
Conta Cleuber.
O NOME
O nome “Rastros de ódio” foi inspirado em um
filme de faroeste homônimo, lançado em 1956. Cleuber explica que desde criança
assiste filmes desse gênero com seu pai, mas ressalta que apesar do mesmo nome,
a banda não tem nenhuma semelhança com o filme.
- Apesar de a banda
ter o mesmo nome do filme, a intenção não é de fazer alusão a ele, em nada. Eu
gosto desse nome porque, na concepção da banda, ele traduz bem a filosofia que
empregamos de ódio e revolta ao sistema, algo que trabalhamos muito nas mensagem
das letras. A ideia de deixar seus ‘‘rastros’’ de ódio por onde passa, veio bem
a calhar. – Diz o guitarrista e vocalista.
INFLUÊNCIAS E
REFERÊNCIAS
As preferências musicais de cada integrante do Rastros
de ódio tem sua parcela de contribuição no som da banda, direta ou
indiretamente. De acordo com os integrantes, há uma diversidade no que escutam e
o ponto em comum é o gosto pelo metal, seja death ou thrash e pelo punk rock.
Alem desses estilos, há também influencias vindas do jazz, do blues e de
artistas nacionais como Raul Seixas e Zé Ramalho. Segundo Cleuber, desde que
tenha qualidade sonora e letras inteligentes ele escuta. Já Igor Podrão conta
que apesar de gostar de estilos mais pesados, até mesmo musica erudita o
influencia.
- Eu
tenho muita influência de dentro e de fora do metal, como por exemplo, jazz,
blues e música erudita. Gosto muito de metal extremo com pegada jazz e fusion
também. Porém desde sempre escuto a velha escola do death e thrash metal, assim
como punk rock e hardcore podreira. Como influência para a banda eu não diria
nomes, mas estilos. No baixo sempre gostei de uma pegada mais trabalhada e
limpa, para sair da mesmice de baixo sujo. Daí vem a influência do fusion,
claro que eu não tenho tanta técnica assim (risos). Na guitarra prevalece o que
sempre estudei, a velha escola do death e thrash metal, e os solos gosto da
pegada do blues e das fritadeiras de praxe (risos). – Conta Igor.
ALBUM COMPLETO
O Rastros De Ódio está gravando seu primeiro álbum full que será intitulado “Escravos Modernos” e esta previsto para
ser lançado em setembro deste ano. As musicas, letras e arte gráficas do disco
vêm sendo trabalhados desde 2013. Serão 12 faixas seguindo a linha do death
metal punk. As musicas trarão temas que segundo Cleuber, pretendem contestar as
injustiças do mundo, bem como confrontar a paralisia das pessoas diante da
politia e da religião, que muitas vezes oprime e escraviza.
- Somos uma banda política, e
dentro desse contexto escrevemos sobre tudo o que nos tira a verdadeira
liberdade. Será um disco caótico, destruidor, as músicas estão sangrando ódio.
Acredito que as pessoas irão gostar bastante. Nos shows já tocamos músicas
desse álbum e a resposta tem sido muito positiva. Estamos dando tudo que temos
de melhor nesse disco. Ele é bem diferente de tudo o que a banda produziu até
agora, é mais pesado é mais raivoso. Ele será lançado pela Sinfonoise Distro Records, inicialmente em formato CD. A data de
lançamento está prevista para setembro deste ano e ele será vendido nos shows,
na página da banda e na página do selo Sinfonoise,
além da cooperação de outros selos e lojas em sua distribuição. – Explica
Cleuber.
CAOZ MAGAZINE E
SELO SINFONOISE DISTRO RECORDS
Em 2012, junto com sua esposa, Cleuber fundou o selo Sinfonoise
Distro Records para lançar o 1° CD-EP do Rastros De Ódio, e a
partir disso também passou a trabalhar como outras bandas e promover shows. Foram
lançados cinco bandas de Belo Horizonte, e segundo Cleuber, em breve será
lançada a sexta. A revista Caoz Magazine lançada neste ano e
esta em sua segunda edição. A revista tem a intenção de apoiar a cena
independente e é feita na versão impressa, porem em alguns momentos também terá
versões on line.
- O selo, assim
como a revista, veio para dar suporte as bandas undergrounds, e o que estiver
ao nosso alcance faremos para ajudar a cena nacional. Já a revista é mais
recente, de 2016, sua
periodicidade é trimestral. Ela é lançada em formato físico, e em algumas vezes
vamos disponibilizar versões online, como fizemos com a primeira edição, mas
isso não será feito sempre. A Caoz
Magazine tem como objetivo apoiar 100% a cena underground em suas 48
páginas coloridas. As pessoas podem conhecer e adquirir esses trabalhos
buscando no facebook, acessando nossas fanpages. – Diz Cleuber.
CENA BRASILEIRA
Para Igor e Cleuber, de certa forma a cena brasileira
evoluiu de uns anos pra cá, mas ainda existem problemas que por muitas vezes
acabam desmotivando os músicos e produtores, como a falta de presença e apoio
por parte do publico. Segundo eles, a geração atual muitas vezes prefere
acompanhar as bandas de forma virtual e com isso até mesmo shows de bandas
consagradas acabam não tendo a quantidade de pessoas esperadas ou até mesmo,
tendo um publico muito menor do que em anos anteriores.
- Temos excelentes
bandas, bons selos, distros, zines, imprensa em geral, bons produtores de
shows, grandes festivais e etc. Infelizmente o que está faltando nos últimos
anos é uma maior presença do público. Os shows estão minguados para todas as
bandas, fui ao show do Napalm Death
mês passado, aqui em Belo Horizonte, e o público não passou de uns trezentos e poucos
pagantes. No show do Exodus, também
esse ano, estava vazio, se fosse no início dos anos 1990 esses shows estariam
entupidos. A geração de hoje é muito diferente da anterior, ela não comparece
em peso nos shows. Aqui no Brasil o público está escasso, se voltaram para uma
vida virtual. Ouvi dizer que na Europa isso aconteceu nos anos 1990, e agora a
juventude está voltando a comparecer nos shows. Existem diversos outros fatores
que prejudicam nossa cena, ficaríamos aqui até amanhecer o dia falando de
todos, mas alguns desses são as malditas panelinhas que continuam existindo e
corrompendo a cena, produtores picaretas, bandas que se acham fodonas e não
ajudam em nada no desenvolvimento da cena. Esse lance também de disco virtual
ferrou demais com os shows e com as vendas de discos físicos. As bandas, ao
invés de lutar contra isso, estão aderindo a essa vida virtual. Não tenho nada
contra disponibilizar o disco na internet, mas não o disco completo saca,
apenas prévias, isso seria o mais legal a fazer. - Afirma Cleuber Toskko
- Vejo
que, de um tempo para cá, grandes polos do metal nacional, como São Paulo e
Belo Horizonte, até mesmo o Rio de Janeiro, tem perdido certo espaço na cena
underground, perdido apoio. Regiões como nordeste e sul têm crescido demais, e
pela minha visão, são assim porque eles se apoiam, tanto bandas como produtores
e o público também. Hoje todos querem ir pra Bahia tocar em festivais, e no Sul
ver belas bandas e uma galera enorme apoiando, e anos atrás queriam só saber de
Belo Horizonte... e hoje, vir tocar aqui, as vezes é sinal de prejuízo. – Diz
Igor Podrão
TRILHA SONORA
Em 2015 a convite do diretor mineiro Sávio Leite, a banda
teve musicas no curta metragem “MARCATTI”(
https://vimeo.com/109684564), documentário que fala sobre a vida do
cartunista Francisco Marcatti Jr. Cleuber conta que foi uma oportunidade muito
interessante e que o convite surgiu após o diretor assistir um show da banda em
2014 na cidade de Belo Horizonte. O vocalista e guitarrista explica que apesar
de Marcatti ter sido o autor de algumas capas de CD da banda Ratos
de porão, Sávio Leite optou por ter uma produção totalmente mineira e
como eles são conterrâneos do diretor, ele preferiu dar espaço a eles.
CONTATOS
Email: rastrosdeodio@gmail.com
Telefones: (31)
3018-4371 / 98762-6004 / 99789-8565
Site oficial: www.rastrosdeodio.com.br
Facebook: facebook/rastrosdeodio
BandCamp: rastrosdeodio.bancamp.com
Soundcloud: soundcloud.com/rastrosdeodio
Na vitrola: navitrola.com.br/rdo
-
Agradecemos pelo espaço cedido ao Rastros De Ódio. Deixo aqui o convite
ao leitor para conhecer nosso trabalho acessando nossa página no facebook ou o
nosso site, ambos contêm um vasto material da banda. Se possível compareçam em
nossos shows. Fiquem ligados em nossa agenda que está sendo organizada em
decorrência da turnê do disco, possivelmente vamos tocar em sua cidade. Alguns
shows passarão por MG, ES, SP, DF, GO, RJ, PR, etc. Obrigado a todos que
cederem um pouco de seu tempo para ler a entrevista. Continuem apoiando o nosso
underground. Humildade sempre! – Rastros do ódio
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