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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Cultura argentina associada à mineira


O argentino Miguel Angel Amaya mora no Brasil há 23 anos, reside em Montes Claros há mais de 15 anos, produz artesanato, e estuda artes na unimontes. Miguel veio para o Brasil na década de 80, ele conta que antes de vir sempre teve a curiosidade de conhecer o país, que na época o impressionava muito também pelos seus cantores.


- Eu sempre gostei de viajar, já conheço outros paises, fui mochileiro, pegava só as mochilas e saia de carona. O Brasil sempre me chamava a atenção, pelos seus cantores, me lembro na época do Vinicius, Toquinho, e eu gostava da maneira como os brasileiros falam, e o Brasil é um país muito grande e eu sempre tive curiosidade de conhecer até que um dia tive a oportunidade vir, gostei e não fui mais embora. – Revela Miguel.


Segundo ele na época em que veio para o Brasil, a Argentina passava por um processo de ditadura e isso foi um dos motivos que o fizeram deixar seu país de origem. O primeiro lugar em que morou foi na Bahia, que para ele serviu como um descanso para a mente.


- O primeiro lugar em que morei foi na Bahia, tenho muitas lembranças de lá. E quando sai da Argentina estava na época da ditadura militar e isso me influenciou também, porque eu não compartilhava com as idéias que no momento estavam acontecendo lá, e nesse momento em que fui para Bahia foi engraçado, porque lá não tem esse peso político, então foi como uma limpeza na minha cabeça. Na Bahia eu me senti muito bem, aprendi muita coisa e isso foi uma dos fatores que me influenciaram a vir morar no Brasil. – Conta Miguel.


MINAS GERAIS/ARGENTINA
O bem humorado Miguel afirma que Minas Gerais o lembra a Argentina pela intelectualidade do povo mineiro que tem a cultura diferente da Bahia. De acordo com o argentino, Montes Claros aconteceu por uma casualidade.


- Montes claros foi uma casualidade, eu morava em Belo Horizonte, após morar na Bahia, um colega me falou que havia um trem que iria para Bahia, mas o trem ia mesmo era para Monte Azul, nesse trem eu conheci uma galera de Montes Claros que me convidaram para uma festa, e eu fui ficando e conheci minha mulher que na época começamos a namorar, então eu ia para a Bahia, mas sempre voltava para ver minha mulher. E eu fiquei indo e voltando até que nasceram meus filhos e eu comecei a me firmar até ficar só em Montes Claros. E foi bom porque antes eu viajava e não tinha em mente ficar um lugar e fazer uma casa, ai quando você tem filhos você começa a rever essa situação. E isso foi bom porque consegui me organizar, estudar, hoje tenho minha família. Quando eu saia só para viajar eu deixava tudo para traz e hoje dia não faço mais isso. – Revela Miguel.


DIFICULDADES
Miguel conta que sente saudades da Argentina, e diz que sempre que pode volta lá, ele conta que quando é perguntado sobre a questão do futebol fica dividido, pois gosta do Brasil e da Argentina, e então fica sem saber para quem torcer. Segundo ele, as principais dificuldades para se adaptar foram a comida de cada lugar em que passou e também o idioma, mas que está barreira foi mais facilmente superada com ajuda da hospitalidade brasileira que para ela é maravilhosa.


- Uma das dificuldades que eu tive foi para adaptar com a comida, em cada lugar tem uma comida diferente, a principio você não gosta, mas o homem é um animal de costumes, à medida que o tempo passa vai se acostumando, e acaba se adaptando bem. E outro problema que eu tive foi com o idioma, para você se relacionar o idioma é fundamental e para mim custou bastante aprender, inclusive eu ainda falo mal apesar de morar no Brasil há 23 anos. Mas aqui o pessoal é muito hospitaleiro, então eu fui muito bem recebido, isso ajuda na adaptação, porque imagina se o pessoal fosse fechado, por exemplo, meu filho foi a Espanha há um tempo atrás e me disse que as pessoas são muito fechadas, não falavam com ninguém, e isso atrapalha na adaptação, porque mesmo que você tenha decidido ficar, você não ter amigos é muito ruim. Aqui no Brasil, apesar de não me entender o que eu falava, ficavam comigo e não interessavam as palavras, era mais afeto, de pensar “é um cara de outro país que está aqui sozinho, vamos ajudar ele” e esse foi um fator fundamental para que eu ficasse aqui. – Relembra Miguel.


Segundo Miguel o clima também foi algo complicado para que ele se adaptasse, a principio sofreu muito, diz que ainda sofre um pouco, mas que já está adaptado.


ARTESANATO
Miguel conta que começou a trabalhar com artesanato quando tinha vinte anos, e aprendeu numa viagem que fez ao Peru. Lá ele conheceu artesãos que o ensinaram a fazer pulseiras, brincos e assim foi aprendendo. Ele diz que no Brasil em muitos lugares chegava com artesanato, mas acabava se empregando em outras coisas. Já trabalhou em bares, limpava alguma casa, de tudo um pouco. O artesanato sempre foi uma coisa boa para ele que se chegasse a algum lugar e não tivesse serviço fazia seu artesanato e vendia.


Segundo ele, a principio só produzia artesanato, mas com o tempo a família foi crescendo e cresceu também a necessidade de vender mais. Ele conheceu um pessoal do Peru que mora em São Paulo, e começou a comprar deles. Miguel revela que hoje em dia compra mais do que produz, e que sua mulher é quem ainda produz algum artesanato, ele concerta mais do que cria.


OBJETIVOS
O argentino Miguel atualmente é acadêmico do curso de Artes da Unimontes, ele revela que teve de fazer todo o primeiro e segundo grau novamente por não ter papeis que provassem que ele estudou na Argentina. Miguel fez supletivo e conseguiu ingressar na faculdade, e agora pretende ser professor quando formar.


- Eu sempre pintei, e fiz algumas coisas de arte, e ai eu e um amigo colombiano que conheci aqui, entramos no conservatório e nos formamos em decoração, e lá alem de aprender muitas técnicas eu fui incentivado pelo pessoal para que eu seguisse estudando. Como eu não tinha nenhum papel provando que eu estudei na Argentina, eu tive que fazer supletivo de tudo, e ai fui fazendo e consegui passar na Unimontes. E eu entrei mais para pintar, mas o curso é mais voltado para você ensinar arte, e foi interessante, eu gostei muito. O Brasil que tem um grande potencial, mas precisa mudar na educação e se puder ajudar, eu ficaria muito feliz. Tenho estudado, procurando fundamentos que me dêem consistência para poder dá aula, eu sei que sozinho não vou mudar nada, mas se cada um fizer sua parte podemos mudar. Um poeta chileno que eu conheci me deu uma definição do Brasil que gostei muito, perguntei a ele o que pensava do Brasil e ele respondeu “O Brasil é uma pedra preciosa, só é preciso ser lapidada” e é verdade, o Brasil tem um potencial bem grande, e a educação é um dos pontos fracos do país e se eu puder ajudar seria muito bom. Sei que não sou brasileiro, mas de coração eu me considero. Vou me formar no final do ano que vem e penso em dar aulas, mas quero seguir estudando, fazer um mestrado, um doutorado e também sempre fazendo artesanato. – Conta o bem humorado e entusiasmado Miguel.


SERVIÇO
Miguel vende seus artesanatos na loja La Luna loja 46 que fica no 1º piso do Shopping Popular de Montes Claros. Telefone 3222 – 2139.

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