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terça-feira, 27 de outubro de 2009

SONS DO BRASIL – CONHEÇA A BANDA GRAVEOLA E O LIXO POLIFÔNICO







Graveola e o Lixo Polifônico é uma banda de Belo Horizonte (MG) e foi formada em 2004. Após passar por varias mudanças, atualmente a banda é composta por José Luis Braga (vocal, violão e cavaco), Luiz Gabriel Lopes (vocal, violão e guitarra), Marcelo Podestá (teclados, escaletas e sonoridades bizarras), Yuri Vellasco (bateria e percussão) Flora Lopes (percussão), João Paulo Prazeres (saxofone, flauta e teclado) e Bruno de Oliveira (baixo acústico e baixo elétrico). Ainda fazem parte da equipe Rafael Barros (produção executiva), Fernando Bozo (técnico de som e produção fonográfica) e Luísa Rabello (luz, cenário e edição de vídeos).


- Quando começamos éramos três, eu, Marcelo e Luiz. Pouco tempo depois a veio a Flora, irmã do Luiz, e com ela, a idéia de formar uma banda “séria” começou a se concretizar. Quando a gente começou a ver a coisa andar (já tínhamos algumas composições prontas, outras pirações em mente e algumas apresentações que renderam elogios) o Marcelo foi morar na Itália. Isso aconteceu em Julho de 2005, a grande perda e a segunda formação, eu, Luiz e Flora. Em 2006 foi a vez da Flora abandonar o barco, e logo chamamos o Yuri para engrossar um caldo que já estava para lá de ralo. O Yuri entrou para tapar um buraco, mas se encaixou tão bem no esquema tático que nunca mais deixou o time. Enquanto éramos três, chamávamos o João para fazer algumas participações. Pouco após a volta do exílio de Flora e Marcelo, João Paulo Prazeres, que já vinha comendo pelas beiradas, se entregou ao grupo para engrossar de vez o caldo, desta vez, bem viscoso. De vez? Me engano. Após participar da gravação do disco no final de 2008, o baixista Bruno foi o sétimo e último músico a se juntar ao Graveola. – Conta Zé Luis.


O INICIO
De acordo com Zé Luis, tudo começou com a idéia de fazer um som entre amigos e acabou se tornando uma coisa mais seria. Na época os integrantes haviam entrado na universidade e segundo Zé Luis tinham muitos sonhos e vontades. Ele conta que não houve dificuldades no inicio, exatamente pelo fato de que eles tocavam só pelo gosto da coisa. Quando eles resolveram ser um grupo musical mesmo é que encontraram “pedras” no caminho da dura estrada em que bandas têm que caminhar.


- De início, o intuito era mais o de fazer um som do que o de formar um conjunto. Havíamos entrado na universidade, estávamos na flor da idade, abarrotados de sonhos e desejos. A UFMG, mais especificamente a FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas), foi o território onde o “bicho polifônico” nasceu (meados de 2004), nesse período aventureiro, etílico e libidinal dos quase vinte aos vinte e poucos. Se houve uma “cabeça” solitária eu não sei, acho que não, mas um mediador da interação pré-grupo teve sim, foi o Marcelo, meu amigo de infância, quem me apresentou ao Luiz nos corredores da FAFICH. Não me lembro de dificuldades no início, talvez o controle da libido frente ao excesso de belas moças que cruzavam aqueles corredores. Quanto ao aspecto (puramente) musical, as famílias e os amigos apoiavam, alguns até tinham a plena certeza de que daquelas rodinhas de violão poderia surgir algo maior. Acho que como as coisas começaram de maneira informal e muito pelo gosto de tocar, não vejo porque falarmos de grandes dificuldades. Muitas dificuldades passamos a viver depois deste início, quando nos tornamos de fato um grupo musical, mas antes era só alegria mesmo, e clima de paquera, claro. – Afirma Zé Luis.


O NOME
Zé Luis explica que a historia do nome é um tanto longa, mas em resumo na casa dos pais do Marcelo há um pé de graviola que para ele é uma fruta bem interessante, lembrando uma mamona gigante. Na mesma casa havia uma vitrola de madeira, trazida da Itália pelo bisavô do Marcelo. Aconteceu da vitrola ser colonizada por cupins e então eles tiveram que jogá-la no lixo. Eles então decidiram homenagear o móvel, e associando com a graviola que havia lá escolheram o nome Graveola e o lixo polifônico.


- Na casa dos pais do Marcelo tem um pé de graviola, uma fruta bem curiosa, parece uma mamona gigante, mas não chega a ser assassina. Lá também, entre as inúmeras bugigangas e móveis de valor, tinha uma vitrola feita com madeira de carvalho, trazida do sul da Itália por seu bisavô, o Sr. Podestá, logo após a segunda guerra mundial. Reza a lenda que essa vitrola sobreviveu a um bombardeio das forças aliadas antes de atravessar o Atlântico. A casa do Marcelo é uma espécie de berço mítico do grupo, foi onde ocorreram, entre cervejas e cachaças, nossas primeiras experimentações e aventuras sonoras. No dia 27 de outubro de 2004, descobriu-se que a vitrola estava colonizada por cupins. Tudo aquilo foi muito triste para nós, que mantínhamos praticamente uma relação totêmica com aquele objeto. Quando a mãe do Marcelo, pediu para que a ajudássemos a jogar a vitrola no lixo, a comoção foi geral, até o Talibã, cão da casa, nos observava com um olhar tristonho. Mas era inevitável, aquele móvel precisava ir para o lixo, todos sabem como os cupins são perigosos (malditos! foram mais fortes que um bombardeio anglo-saxônico). Decidimos homenagear a vitrola, e lembramos da graviola no quintal (não me lembro bem quem fez essa associação tão aleatória, mas curiosamente criativa). Optamos pelo “grave”, ao invés do “gravi”, para efeitos “trocadilhescos”. Por fim, conseguimos (eu, Marcelo e Luiz) sintetizar todo aquele mosaico de sentimentos, flashbacks nonsenses, aflições, saudosismos em um nome curto, grosso e sugestivo, Graveola e o lixo polifônico, e assim foi. – Relembra Zé Luis.


PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS
O saxofonista, flautista e tecladista João Paulo diz que a banda tem muitas influências, começando pelo samba, passando pela tropicália, musicas de 1980 e 1990, alem de um pouco de tudo que foi esquecido, de uns vinte e poucos anos para cá, eles tentam aproveitar de alguma maneira. João Paulo cita nomes como Noel Rosa, Assis Valente, Frasão, Moreira da Silva, Sérgio Sampaio e Walter Franco, Hermeto Pascoal, Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé. Ele conta que atualmente estão muito ligados nos ritmos do Pará, como a guitarrada.


- As influências são muitas e amplas. Começa no samba da primeira metade do século XX, segue uma linha torta que passa pela tropicália no fim dos anos sessenta e adentra nos setenta. Cruza os oitenta com todas as suas loucuras e também baranguices. Os noventa entram com música de massa que chegou arrebentando e depois foi obviamente jogada fora. Até clássicos da canção romântica urbana noventista foram revisitados e fizeram muita gente cantá-los sem se dar conta do que se tratava. Atualmente estamos muito ligados nos ritmos do Pará, como a guitarrada. Vale ressaltar que há influências importantes na nossa música que não estão só no campo musical. Tom Zé, por exemplo, propõe uma abordagem da música que nos influência significativamente. Nossas intenções são muito pensadas, discutidas e certamente sofreram influências tão fortes quanto a música em si. Existe uma grande troca de idéias a respeito de arte em geral dentro da banda, em vários aspectos. – Diz João Paulo.


TIPO DE SOM
João Paulo fala que se pudessem até definiriam o tipo de som que fazem, mas ele ressalta que a banda é um conjunto de jovens músicos com muitas coisas passando pela cabeça e também muitos anseios. Segundo ele é um som jovem, mas com traços bem maduros. De acordo com João Paulo a principal característica da banda é a polifonia.


O som que fazemos é nitidamente jovem, mas não destituído de uma maturação, que nos é provida pelo pendor analítico que acomete os integrantes. A principal característica do som da banda é a polifonia. Não apenas a presumível polifonia sonora, mas a polifonia discursiva. A versatilidade e heterogeneidade da banda denota a pluralidade de discursos a que estamos submetidos dentro e fora do grupo. Daí resulta essa amálgama sonora chamada Graveola e o lixo polifônico. Não existe um processo de criação padrão. Pelo contrário, existe um processo de assimilação de coisas muito variadas no processo de criação que acaba dando nesse quadro díspar que é a banda. Gêneros diferentes, novos ou velhos, do auge da moda ao fundo do nosso esquecimento, podem ser motes para uma nova composição. O negócio é pegar alguma coisa que não tenha ainda aparecido dentre as canções da banda, mas que dialogue de alguma maneira com o nosso som. Outra coisa é aproveitar idéias que a princípio seriam descartadas, às vezes até erros mesmo que acontecem nos ensaios e são incorporados às músicas. Tudo isso passa por um processo criativo que acaba fazendo com que o grupo consiga preservar uma identidade. Acho que esse identidade nasce mais ou menos dos cacoetes de cada um, presentes nas músicas dos mais variados gêneros. – Explica João Paulo.


INSPIRAÇÃO
De acordo com João Paulo, a banda não trabalha com um tema principal, mas há alguns que são recorrentes. As letras segundo ele podem ser tanto serias como cômicas ou encantadoras, variando de acordo a inspiração deles.


- Não há um tema principal, mas há vários vieses recorrentes na banda. Brincamos dentro da banda que todas as músicas compostas após a gravação do CD são meio que "respostas" a alguma canção do disco. Claro que é uma brincadeira, mas que mostra que continuamos seguindo uma linha de multiplicidade sem perder a unidade. - Ressalta João Paulo.


TRABALHOS GRAVADOS
A banda Graveola e o lixo polifônico gravou seu primeiro CD em 2008, resultado de um projeto que eles enviaram para o Fundo Municipal de Cultura. As musicas estão disponíveis para download no site da banda.


- Quanto um próximo álbum, já temos músicas suficientes e um pouco mais de experiência que o primeiro. No entanto, falta juntar um pouco ainda de dinheiro e ainda é preciso levar este primeiro disco para o público em potencial nos confins mais longínquos do Brasil. Porque, como já se sabe bem, foi-se o tempo em que se ganhava com disco. Apresente-se ou morra de fome. Então faremos alguns shows ainda e, enquanto isso nós preparamos mais algumas musicas para CD que queremos lançar em 2010. – Conta Marcelo Podestá.


AGENDA
27/11/2009 - Show da Céu - as 22h00m Music Hall – Belo Horizonte (MG)
28/11/2009 – Encerramento do festival forumdoc.bh.2009 Local à confirmar.
O site da banda tem uma agenda completa e atualizada.


CONTATOS
Site Oficial: www.graveola.com.br


- Ei, você que está aí, sem fazer nada, venha ouvir o grave! - banda Graveola e o lixo polifônico.

Um comentário:

Rogério Castro disse...

Grande Samuel Possilga, sempre que posso leio seu blog, ansioso pelas notícias do underground de moc e região por não está ai, e agora curti muito em ver essa banda muio criativa de BH que conheço e adimiro o trabalho, vc está de parabéns. ZOIO (efx)

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